Caríssimos,
Na revista Psique nº 78 deste ano, saiu um artigo intitulado
Crianças de Cristal. A matéria muito
interessante trata da questão da proteção e negligência quanto a educação dos
filhos. Por se tratar de um artigo de Maria Irene Maluf, especialista em
psicopedagogia, educação especial e neuroaprendizagem, achei motivador
compartilhar aqui no meu blog. Espero que gostem.
A autora levanta a seguinte questão a cerca do assunto: “como
fazer para educar na atualidade quando a tradição, que assegurava aos pais seu
papel de autoridade, já não existe e o desenvolvimento emocional ganhou uma
hipervalorização que distorceu a maioria das teorias psicológicas?”. Sobre este
problema configuram-se duas situações conflitantes: a proteção e a negligência.
Diante dos estudos apresentados um me chamou muito a
atenção. Um estudo feito pela pesquisadora Kosuke Narita, da Universidade de
Gunma, no Japão, observou a massa cinzenta numa área específica da área do
córtex pré-frontal de jovens na faixa de 20 anos. Os sujeitos dessa observação
foram submetidos a um questionário com inúmeras perguntas para avaliar a reação
deles com seus pais até os 16 anos de vida. O questionário, chamado Instrumento
de Vínculo Paterno e Materno tem como objetivo avaliar o grau de relacionamento
entre filhos e pais/mães e averiguar o quanto essa relação favorece ou
desfavorece o desenvolvimento da maturidade de seus filhos e a relação com anomalias
como a esquizofrenia e outras doenças mentais.
A equipe da pesquisadora “descobriu que os jovens com pais superprotetores
tinham menos massa cinzenta na área específica do córtex pré-frontal, em relação
àqueles que tiveram relações saudáveis com seus pais”. Para quem não sabe, essa
parte do cérebro se desenvolve durante a infância e é responsável por nossas
decisões e a relação com o nosso eu.
A pesquisa conclui que a liberação excessiva do hormônio do
estresse cortisol e a reduzida produção de dopamina (neurotransmissor
estimulante) bloqueiam o crescimento da massa cinzenta. Cabe esclarecer que o
cortisol é liberado em excesso em situações de atenção exagerada ou estresse.
É preciso observar se nossas atitudes diante de nossos
filhos são inibidoras de dopamina ou estimuladoras de cortisol. O que quero
dizer é que precisamos ter clareza de que cuidamos dos nossos filhos para serem
sujeitos no mundo, para que aprendam a decidir e a reagir nas situações mais
adversas possíveis. Se apenas os privarmos de viver as experiências e de
cuidarem de si mesmos, em detrimento de uma infância “segura”, criamos seres
humanos pouco capazes de transitar no mundo adulto, colaborando para a sua
infelicidade.
Mais uma vez a neurociência nos ajuda a compreender como a
relação que construímos com nossos filhos afetam de maneira significativa o desenvolvimento
do cérebro deles e a partir dessas construções sinápticas, como se vem e
interagem como o mundo.
Amadurecer é um processo e ele começa no momento de nossa
concepção!
Abraços
Kassandra
Comentários
Postar um comentário